Como vieses cognitivos influenciam nossa percepção de sorte no poker?


- Verificado por: PokerListings
- Última atualização em: abril 22, 2025 · 7 min minutos de leitura
Tendo em vista que jogadores de poker são seres humanos, é uma inclinação natural acumular diversos vieses cognitivos e não possuir vislumbres de objetividade ou pensamento crítico.
Na edição de março de seu newsletter, Faraz Jaka chamou atenção para um tópico interessante sobre o assunto: como vieses específicos nos fazem ver os outros como mais sortudos do que nós. Ele descreveu três: Viés de Sobrevivência, Viés de Memória e Viés de Compartilhamento Seletivo – então não falaremos sobre elas em nosso artigo.
Em seu lugar, a PokerListings lhe convida a discutir outros três vieses que literalmente distorcem como vemos a sorte ou o azar, o nível de sorte de outros pessoas e a influência da sorte em nossos resultados no jogo.
Sorte moral: tendemos a tomar decisões baseados pela sorte
No início da década de 1900, o filósofo da moral Sir Bernard Arthur Owen Williams criou o termo “sorte moral” para descrever como as diferentes pessoas tomam decisões e realizam ações dependendo da sua avaliação subjetiva moral a respeito do nível de sorte. Tentaremos explicar melhor usando um exemplo do poker.
Imagine que você esteja de frente para uma encruzilhada na estrada, onde na pista da esquerda você terá uma carreira de poker profissional que lhe demandará viver em solidão, enquanto a pista da direita lhe garantirá uma família feliz, mas sem nenhum sinal de poker. Digamos que você escolheu a esquerda:

Se você tiver sucesso no poker através dessa estrada, terá um argumento sólido em favor da sua escolha e perceberá que sua solidão é apenas um pagamento para atingir suas conquistas.
Mas, se sua decisão não tiver sucesso, você acabará sentindo-se azarado, se culpando não somente pelo tempo sem o resultado esperado, mas também pelo processo onde você ficou completamente sozinho sem saber o que fazer em seguida.
Agora, substitua “você” nesse exemplo para a palavra “pessoa” e se pergunte: quais desses cenários lhe motiva a se sentir empático e positivo a respeito de nosso “herói” e por que?
Vieses morais ocorrem quando pessoas começam a aplicar sua percepção de sorte e distorcem a sua capacidade de avaliar situações, modificando a realidade objetiva para que ela se encaixe em sua forma de ver o mundo.
Será muito mais fácil para você avaliar que a decisão de se tornar um profissional de poker foi positiva se ela trouxer sorte e sucesso. Você pode até mesmo ignorar que a pessoa pagou por isso se tornando um eremita, mas não interessa desde que o sucesso a longo prazo esteja lá.
Ao mesmo tempo, o segundo cenário é mais nefasto, então a decisão inicial parece ruim porque não terminou apenas com a falta de sucesso, mas também com solidão. É impressionante o quanto a solidão dessa pessoa se torna um ponto-chave por conta de seu azar.
A sorte moral é interessante ao ser vista como um viés porque a natureza da decisão nunca muda objetivamente, mas as pessoas não conseguem resistir a tentação de avaliar as escolhas a partir dos resultados.
O resultado pode até mesmo não ser baseado somente em sorte ou nas escolhas da pessoa, porque muitas situações externas (como a variância, reguladores e governos, decisão de outros jogadores, operadoras de poker e mais) sempre estarão no caminho durante a carreira de um jogador de poker profissional. Mas, de qualquer forma, julgamos subjetivamente por conta de nossa natureza.
Viés de autoconveniência: somos donos de nosso sucesso, mas não de nossas falhas
Outro viés foi extremamente descrito no início da década de 1900 pelo psicólogo austríaco Fritz Heider, quando ele tentou compreender como e porquê as pessoas tendem a dar atributos baseados em suas próprias necessidades e por sua primeira impressão.
Ele descobriu que esse comportamento é baseado numa necessidade interna humana de manter e realçar sua autoestima distorcendo a percepção de uma maneira favorável para si. Como resultado deste viés de autoconvêniência, uma pessoa sempre verá seu sucesso como um resultado de suas próprias ações e como uma consequência inevitável de suas técnicas e habilidades. Entretanto, não enxergará suas falhas, transferindo a culpa e responsabilidade de si para o azar, para os outros ou para as circunstâncias.
Por exemplo, um jogador de poker com viés de autoconveniência sempre se lembrará de suas vitórias, decisões boas, blefes favoráveis e outros resultados positivos. Mas, se perder, verá como se suas ações fossem um fator insignificante em comparação a sorte do oponente, ao quão cruel é o RNG e mais.
No fim do dia, esse viés previne a pessoa de aplicar o pensamento crítico sobre si e sobre outros, porque transferir a culpa e só pensar no sucesso é muito tentador e fácil em comparação a reconhecer seus erros e entender quando você tem sorte além de suas qualidades para decidir.
Viés atencional: notamos um tipo de sorte, mas não outras
O viés de memória seletiva – que descreve a tendência das pessoas de lembrar de momentos especificamente bons ou ruins, mas esquecer ou ignorar outros – é um dos mais estudados e relacionados ao poker.
Sua popularidade oculta um viés similar, porém mais interessante para correlacionar com o comportamento adicto – como o vício em jogar: o viés atencional. Esse viés descreve um fenômeno de distorção da percepção sob a influência de fatores seletivos na atenção das pessoas.
Por exemplo, se um jogador de poker regular pedir aos deuses do poker algumas bençãos e pensar sobre essas bençãos bastante – ele notará todas as situações onde essas preces forem atendidas, ignorando as que não foram.
Outra manifestação do viés atencional é o foco seletivo somente em informações importantes para a pessoa naquele momento. Esse viés é ambivalente porque pode ser percebido tanto como algo bom ou ruim, dependendo do que a pessoa está focando exatamente.
Imagine um jogador que está passando por uma maré de azar: ele foi pego, sofreu com bad beats e está limpo na mesa. Nessas circunstâncias, eles não conseguem pensar em nada mais além do seu azar. Então, acabam focando toda sua energia mental em um fluxo de pensamentos negativos, se tornando cada vez menos capazes de pensar nas coisas positivas.
Isso também funciona para o contrário. Se um jogador está numa maré de sorte: seus blefes estão lucrativos, chega ao ITM várias e várias vezes, ganha potes atrás de potes – seu pensamento afetará diretamente seu mental, o tornando mais positivo, fazendo essa pessoa ignorar situações neutras ou negativas.
Quando orientado pela negatividade, os pensamentos causam nos jogadores uma dificuldade de ter clareza para conseguir dar a volta por cima, enquanto os pensamentos orientados positivamente podem causar uma falta de habilidade em notar suas falhas. Esse é o momento onde o viés atencional pode se manifestar como viés de autoconveniência ou transformar-se em um megazord: o viés atencional de autoconveniência.
Consigo parar de ser enviesado?
A única maneira decente de parar de ser uma pessoa tão enviesada é usar o pensamento crítico e a análise para dissecar seus pensamentos, avaliar seus vieses e cortá-los:
- Questione suas decisões e conclusões. Cheque se são realistas, adequadas e justas com “Por que?”, “Pelo quê?” ou “Quem disse?”, por exemplo.
- Teste seu conhecimento. Não confie apenas no seu senso de saber as coisas: os vieses mais poderosos nos fazem ficar presos em nossa incompetência. Se estiver 100% certo em alguma situação – cheque a informação novamente.
- Pergunta para as pessoas ao invés de pensar por elas. Muitos vieses cognitivos são conclusões tomadas pela tendência humana de inventar internamente motivações para os outros, calcular seus pensamentos e julgar suas atitudes dependendo da própria percepção subjetiva e de informações incompletas. Para diminuir seus vieses, você deve perguntar para as pessoas e deixá-las explicarem mais vezes. Ouça atentamente sem impor seu entendimento como algo melhor ou mais real do que as palavras do outro.
Esteja preparado para se sentir pressionado internamente, resistir e até mesmo ter desconfortos físicos enquanto batalha contra seus vieses: nosso cérebro não gosta de ser desafiado por seu próprio dono, então ele pode ser bem teimoso ao defender suas falhas.
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