O poker precisa realmente de um novo Moneymaker?


- Verificado por: PokerListings
- Última atualização em: abril 23, 2025 · 11 min minutos de leitura
Por 22 anos – desde que Chris Moneymaker tornou o poker uma das carreiras mais cobiçadas no mundo, especialmente nos EUA – as operadores de poker tem tentado, inúmeras vezes, alcançar o mesmo sucesso neste jogo amado. Entretanto, não importa o que façam, nada funciona tão efetivamente quanto a conquista do modesto contador, campeão do Main Event da WSOP 2003, após se classificar via uma qualificatório do PokerStars.
No dia 11 de abril de 2025, o CEO da Artisans on Fire, Dustin Iannotti, postou um ótimo texto sobre o tópico no X (antigo Twitter) e anunciou o início de uma jornada pessoal para escrever uma nova narrativa para o poker, visando tornar esse jogo desejável novamente.
O time da PokerListings refletiu sobre seus pensamentos e, com bastante interesse, decidiu fazer parte dessa conversa, compartilhando nosso ponto de vista a respeito do problema, além de convidar todos os membros da comunidade do poker a acharem uma nova solução para que o poker floresça novamente em nossa nova realidade.
A criação de conteúdo sobre o poker está em crise?
Depende do ângulo. Ainda existem muitas fontes com ótimos conteúdos: vlogs, blogs, streams, shorts, TikTok, podcasts, entrevistas e mais. Todos entregando base para novos conteúdos, incluindo nossos próprios artigos.
Mais da metade da criação de conteúdo sobre o poker atualmente oferecem aprendizado sobre o jogo, enquanto o resto é mais focado em fazê-lo rir. Atualmente também existem, com cada vez menos raridade, uma categoria de conteúdo sobre trapaceiros – mas, mesmo quando são úteis, não são muito atrativos para novos jogadores.
Entretanto, o conteúdo realmente educativo está enfrentando dois grandes problemas, que só se aprofundam com o tempo: repetitividade e especificidade.
A repetitividade é a razão pela qual alguns pilares do poker profissional, como o gerenciamento de bankroll, rotinas saudáveis, GTO contra intuição, além de outros tópicos similares, se tornaram memes. Não porque são pouco efetivos ou mentiras, mas porque estão incluídos em quase todos os “insights únicos” de profissionais. E isso não é muito interessante – seja para novatos ou para jogadores mais antigos.
Especificidade é a razão pela qual as pessoas que podem estar interessadas pelo poker nem dão uma chance ao jogo: eles não conseguem entender o básico. Isso porque quase todo criador de conteúdo foca em se comunicar com jogadores que já possuem experiência e não para mentes que não conhecem o poker.
Às vezes apenas fazem materiais extremamente focados em SEO, com muitas repetições de palavras, sendo que nenhum deles é específico o bastante ou simples o suficiente para novatos.
Outro grande problema social para o conteúdo sobre poker é que muitos jogadores que se tornaram porta-vozes do jogo – seja criando seu próprio conteúdo ou aparecendo em podcasts – demonstraram ser pessoas que vivem vidas entediantes, cercadas pelo jogo.
Em um mundo que vive uma turbulência econômica, onde a maioria das pessoas pensa em “trabalhar menos e viver mais”, essa revelação se torna prejudicial para o jogo. Mostra para os não-jogadores que o poker pode não dar a eles o que querem, além de requerer muito tempo, sem uma garantia de retorno.
Não importante quão boas são as promoções no poker ou quanto dinheiro Bert Stevens arrecadou no Main Event da WSOP Online – se as pessoas tem que viver nas salas de poker por uma pequena chance de ganhar, elas simplesmente não querem mais fazer essa escolha.
Enquanto isso, o conteúdo de entretenimento também tem seus próprios pecados. Requer muito tempo, imaginação e bom gosto para ser feito, mas raramente tem sucesso em “elevar” o poker. Para a maioria, esse tipo de conteúdo é superficial – muito simples para tornar o jogo legal ou atrativo para pessoas inteligentes – ou muito específico – abordando temas muito singulares para novatos entenderem.
Além disso, não são muitas as pessoas que se inserem em novas comunidades sendo guiadas exclusivamente por elas. Por exemplo, pergunte aos fãs do jogo de tabuleiro Warhammer o quanto sistemas “fechados” que não são amigáveis com novatos funcionam em termos de marketing.


Esses não são os únicos problemas com a criação de conteúdo para o poker e a indústria como um todo. De modo geral, nossa indústria sofre com uma lacuna de personalidades. Sim, a maioria de nós ama Daniel Negreanu, Phil Hellmuth, Tom Dawn, Phil Ivey e outras estrelas do poker – mas estamos amando eles há mais de 20 anos seguidos.
Para muitos jovens adultos, eles são apenas caras “old-school” ou nomes na história do poker. Eles já motivaram jogadores o suficiente na comunidade, mas são desconhecidos por uma grande parte dos novatos e não os inspiram a escolher uma carreira no poker.
Além disso, novas caras no poker não são tão chamativas quanto as antigas eram em seus tempos – não porque tem pouco carisma ou não são legais (lembre-se que o MrBeast tentou jogar poker e nem isso foi suficiente!), mas porque eles não tem uma história emocionante no poker que crie algo similar ao efeito Moneymaker.
E existem muitas razões para isso:
Primeiro, se tornou mais difícil dominar o poker após o desenvolvimento de solvers, treinadores, calculadoras e outras ferramentas usadas por jogadores profissionais.
Segundo, as regulações sobre o poker se tornaram cada vez mais restritas desde a Black Friday de 2011 – não apenas nos EUA, mas em todo o mundo.
Em terceiro lugar, enquanto o lockdown causado pela COVID-19 ajudou o poker significativamente por conta do isolamento das pessoas em casa – sendo justo, foi um tempo de crescimento para tudo que poderia ser feito dentro de casa e online, especialmente jogos de tabuleiro e jogos eletrônicos – isso também gerou atualmente uma resistência a passar muito tempo em casa.
Uma grande parte da população não quer ficar jogando poker online sem a possibilidade de terminar a partida quando quiser para sair. Por outro lado, eles também não querem ir para cassinos ou clubes de poker próximos para jogar ao vivo.
Como as operadores de poker estão tentando atrair novos jogadores?
O show tem que continuar, então as operadores de poker tem que fazer algo para manter seu negócio funcionando e ajudar a indústria a achar o novo momento de boom.
Existiram muitas tentativas ao longo dos anos, como por exemplo:
- Criar novos formatos de jogo mais legais e dinâmicos, como: Zoom, Spin & Go, Mistery Bounty, Flip & Go, Bomb Pot, Battle Royale, 7-Day no Rathole, All-In or Fold, e mais.
- Formação de times online, contratação de streamers, recrutamento de atores, atletas e influenciadores para representarem marcas e atrair suas audiências para o poker.
- Mover a WSOP, WSOP Circuit, Asian Poker Tour e outras séries ao vivo para o formato online com acesso global.
- Produzir programas, séries de TV, documentários, duelos, desafios e mais sobre o poker.
- Expandir as ofertas de satélites para eventos ao vivo.
- Banir softwares terceirizados como trackers, enquanto lançam HUDs internos.
- Aumentar a aleatoriedade do poker aumentando o número de pagamentos de rakeback e recompensas promocionais.
A maioria desses esforços trouxe efeitos positivos de curto prazo, mas nada que tenha chegado perto de replicar o efeito Moneymaker. Por que?
Bom, novos formatos logo tornam-se apenas mais uma opção no lobby, onde você não terá ganhado tanto após gastar seu tempo e dinheiro. Alguns deles são muito aleatórios e parecem muito com jogos de casino para fundamentar a imagem do poker como um jogo verdadeiramente do intelecto.
Ir para o formato online tornou algumas séries do poker menos valiosas e únicas – e portanto, menos atrativas – para os olhos do público. Por exemplo, em anos passados, ir para Las Vegas apenas para jogar a WSOP, mesmo sem ganhar o dinheiro, era um bom negócio que garantia respeito para os jogadores entre seus pares – isso sem contar quando chegavam ao ITM ou ganhavam um evento. Agora tudo que você precisa é um dispositivo e dinheiro para buy-in. É mais acessível, sem dúvida, mas muito menos prestigioso por conta disso.
Conteúdo de poker em vídeo falhou em se tornar digerível para a audiência de massa. É muito específico, a maioria dos jogadores de poker acham entediante assistir, e você não pode torcer pelos participantes em um esporte que você não entende – especialmente se ninguém explica as regras ou porque determinado momento é extraordinário.
Além disso, o número de membros afiliados cresceu tanto que talvez no futuro precisemos de uma calculadora de poker somente para contá-los. Até mesmo salas de poker pequenas – onde você vê dois jogadores ao mesmo tempo no lobby em dias cheios – correm para criar links para profissionais do poker, acreditando que a afiliação ajudará a criar confiança para sua sala entre os jogadores.
Séries e filmes podem ajudar a tornar o poker mais atrativo?
Nosso time concorda com a afirmação de Dustin Iannotti que uma série de poker mainstream em um serviço de streaming popular como a Netflix, Apple TV, Amazon Prime ou Max pode ajudar a atrair mais jogadores para o poker.
Entretanto, nós não concordamos em usar “O Gambito da Rainha” e “F1: Dirigir para Viver” como pontos de comparação.
Bom, o efeito causado por “O Gambito da Rainha” no xadrez não pode ser usado como referência sem saber em quais circunstâncias especiais ele aconteceu:
- “O Gambito da Rainha” estreou durante a quarentena. Era uma produção grande, baseada em uma história ficcional, que as pessoas assistiram porque não tinham outras opções durante a COVID-19.
- É sobre xadrez – um dos mais antigos jogos de lógica, respeitado tradicionalmente no mundo todo, tanto como jogo intelectual quanto como esporte. Ele é licenciado em escolas em todo o mundo e, mais importante, socialmente respeitado.
- É estrelado por uma protagonista feminina com visual único, que intelectualmente domina outras mulheres, homens e até mesmo os imbatíveis gênios soviéticos do xadrez. Em um tempo onde a próxima onda feminista ganha espaço – e com as irmãs Botez entre os nomes mais reconhecíveis no xadrez – a série encontrou o momento perfeito.


Enquanto isso, “F1: Dirigir para Viver” e a própria Fórmula 1 tem grandes vantagens: ação de corridas em alta velocidade, estética única e, mais importante, drama humano real envolvendo nomes famosos como Michael Schumacher.
O poker nunca contou com esse nível de drama real, sendo difícil criar uma história ficcional sobre o jogo que pareça crível ou interessante para a audiência de massa. Não acredita na gente? Assista “Dead Money” (2024), “The Rise & Fall of The Poker Dream” (2023) ou “Poker Face” (2022).
Comparado ao xadrez, o poker é relativamente novo e ainda muito estigmatizado devido sua associação com o cassino e vício em apostas.
É também mais aleatório que o xadrez e menos acessível globalmente – sendo até mesmo ilegal em algumas regiões, com risco de penas pesadas.
E mesmo em países onde o poker é legal ou ao menos não passível de punições, existem diversas restrições para o marketing nesta área – e vai saber como os reguladores vão restringir uma série ou filme sobre poker?
Como melhorar o conteúdo sobre poker e a indústria em si?
Se queremos um novo boom, precisamos de uma história tão poderosa quanto a de Chris Moneymaker – mas uma que ressoe melhor com audiências mais modernas. Por isso a ideia de Dustin é realmente promissora: as pessoas amam séries de TV, especialmente quanto elas dão um passo a mais e proporcionam algum tipo de relação ou inspiração.
Até agora, os produtores de TV e cinema não conseguiram desvendar a fórmula. Talvez Dustin consiga. Nós podemos apenas lhe apoiar e lhe desejar sorte.
As poker rooms, por sua vez, podem continuar experimentando até que, talvez, um dia criarão novamente o efeito Moneymaker. Elas poderiam, por exemplo:
- Tentar criar novas variações de poker que não foram “desvendadas” ainda, mas são simples de jogar.
- Continuar popularizando jogos que não são Hold’em, como Omaha, Stud, Razz e mais. Mas fazer isso criativamente, focando em torná-los mais acessíveis para novatos.
- Repensar os embaixadores: poucos jogadores, mas com conteúdo de alta qualidade, além de consistência para seus times ao invés de times de futebol que sempre mudam seus jogadores ou programas de afiliações.
- Criar conteúdos educacionais divertidos para novatos: desenhos, minisséries, peças de stand-up – qualquer coisa que alcance diferentes audiências.
Como comunidade, sempre poderemos falar mais sobre o poker com pessoas que não o jogam, ajudando a perder o estigma que o jogo possui, demonstrando que ele pode ser uma maneira divertida de passar o tempo com a família e amigos – enquanto somos honestos sobre seus altos e baixos.
Jogadores profissionais de poker em todos os níveis podem ser mais abertos sobre suas vidas, porque pessoas fora da bolha do poker não tem a mínima ideia de como a vida, o amor e as dificuldades funcionam quando não estamos nas mesas.
Por fim, a mídia do poker – inclusive nosso time – pode colocar mais esforço em compartilhar as histórias de jogadores que estiverem dispostos a falar. Nós não apenas escrevemos sobre trapaceiros e promoções. Vamos nos ajudar a dar um novo respiro de vida para o conteúdo de poker e melhorá-lo juntos.
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